domingo, 7 de setembro de 2008

CONHECENDO O ES (3) - por AUGUSTO RUSCHI, CIENTISTA

FONTE: seculodiario.com/ruschi/ruschi4.doc - Windows Explorer

A Guerra ecológica capixaba chama a atenção da imprensa

NO FUTURO, DIAS TERRÍVEIS

SANTA TEREZA, ES – 1975

Há muitos anos preocupado com a lenta mas eficaz devastação do meio ambiente capixaba, o cientista Augusto Ruschi vem sustentando uma inglória campanha contra as multinacionais do eucalipto e outras que pretendem se instalar no Espírito Santo, sem levar em conta os cuidados necessários à preservação de uma melhor qualidade de vida.
Isolado, contudo, o cientista vê suas palavras e profecias se perderem, levadas pelo vento, enquanto o Estado sofre, a cada dia que passa, a ação crescente de um progresso desordenado, caminhando, em consequência, para a catástrofe sintetizada por Ruschi nesta advertência: “O Espírito Santo pode virar um deserto.”
Aqui, Augusto Ruschi fala do meio ambiente; do reflorestamento de eucaliptos; da erradicação das florestas capixabas; de seus trabalhos científicos; e das conseqüências ecológicas dos “!grandes projetos”. Um novo brado de alerta que, no futuro, poderá colocar o cientista entre as esotéricas figuras do mundo das profecias.

Poluição ameaça Vitória

AG – Em uma palestra feita pelo senhor na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), ficou provado que o planalto de Carapina era o local menos poluído da Grande Vitória. Ali estão sendo instaladas grandes indústrias. O senhor acredita que o governo que incentiva a instalação destas indústrias não deu crédito ás suas palavras, ou pouco está se preocupando com os moradores de Vitória?
R – Realmente, na palestra que fiz em 1971, na ADESG, confirmei ser o alto de Carapina o local menos poluído de Vitória, ideal para zona residencial, no Plano de Desenvolvimento Metropolitano Integrado. Mas a instalação das grandes indústrias encaminhadas para essa área adveio de estudos prévios, errados, da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), para a localização de uma siderúrgica, e há pessoas no comando dessa empresa favoráveis à mudança da localização da futura siderúrgica para outro ponto do litoral, exatamente como me referi por várias vezes, não só pelas condições meteorológicas e atmosféricas desfavoráveis, como pela falta de água no futuro, nas proporções em que ela será necessária, em face da sua expansão, para produção de 12 milhões de toneladas, e a siderúrgica só poderá ir para próximo do rio Doce, o que será mais fácil do que trazer por canalização a água do rio para Carapina. Entretanto, isso talvez ainda possa acontecer, mas há também a considerar os futuros prejuízos que poderiam advir para os eucaliptais e cacauais, para fazendeiros e reflorestadoras, pois já se iniciou a montagem da infra-estrutura da Aracruz Celulose, e isso talvez seja de muita importância. Mas eu ainda julgo mais importante a população de Vitória e a cidade, ela não merece essa experiência triste, para que depois se queira reparar tamanho erro, conforme já me referi, em relação aos poluentes atmosféricos e à inversão meteorológica que poderá ocorrer, como realmente ocorre de quando em vez nessa metrópole. Sinceramente, eu ainda duvido que essa indústria siderúrgica, do porte referido, venha a se instalar nessa área. (Nota do Autor – Veio a ocorrer logo em seguida.)

AG- O vento dominante de Vitória é o nordeste. Portanto, os agentes poluentes das indústrias instaladas no planalto de Carapina são levados para Vitória. O senhor chegou a ser consultado ou sugeriu um outro local para a instalação das indústrias? E o que eles alegaram?
R – Sim. Os ventos dominantes em Vitória e no Espírito Santo são nordeste (NE), conforme deixei claro na referida palestra, publicada pela ADESG em 1971, e que teve como fonte publicação do DAC (Diretoria da Aeronáutica Civil), cujos dados se baseiam em registro de mais de 15 anos seguidos. Tais ventos sopram durante 8 a 9 meses por ano, ou seja: janeiro, fevereiro, março, julho, agosto, outubro, novembro e dezembro, em direção de 30 a 60 graus, em velocidade que varia de 4 a 38 km/hora e com umidade do ar variando de 80 a 85%. Enquanto de 3 a 4 meses do ano a dominância é de ventos sudoeste (SW), de 180 a 210 graus, com 0,2 a 1 km/hora de velocidade média, e com um teor de umidade do ar de 63 a 85%. Esses fatos têm real importância no transporte dos poluentes oriundos das diversas operações siderúrgicas, como o transporte das fumaças vermelhas, impregnadas de elementos provenientes da adição de outros minerais para o aumento do rendimento. Com isso, as partículas finais de óxido de ferro, anidrido sulfuroso, óxido de carbono e composto de fluorados, além dos oriundos da combustão, surgidos nos diferentes estágios da fabricação, todos esses poluentes podem causar efeitos ao homem pela exposição a substâncias cancerígenas, como os vapores nitrosos, etc., além de doenças respiratórias causadas pelos derivados de enxofre.
Efeitos específicos de alguns desses poluentes: 1 – efeito do óxido de carbono – oxicarbonomia ou carboxilas. 2 – efeito dos derivados de enxofre – bronquites diversas, enfisemas e asma. (N. do A. – Todos esses efeitos são encontrados hoje numa população de mais de um milhão de habitantes.) Em situação de inversão meteorológica, esses gases podem causar mesmo a morte, em face do seu teor e do tempo que o organismo fica exposto a eles. A intoxicação por óxido de carbono tem sido mais comum pela combustão de gasolina e de óleo diesel, uma vez que ultrapasse 55 ppm (partes por milhão), quando se dará início a carboxilhemoglobina, decorrente da penetração do óxido de carbono nos alvéolos pulmonares, sua dissolução no sangue e sua união ao oxigênio, ficando nos glóbulos vermelhos, combinando-se com a hemoglobina, quando se torna inútil para a respiração dos tecidos e tem início a intoxicação, com sintomas como dores de cabeça, náuseas e fadiga. Os gases derivados do enxofre, como o anidrido sulfuroso e outros, são facilmente identificáveis, pois causam irritação da garganta, dos olhos e mesmo da pele, em certos casos. Pela sua inalação, podem causar o edema pulmonar e provocar a paralisia do sistema respiratório. Seu teor na atmosfera acima de 55 ppm já começa a ser prejudicial à saúde humana. (N. do A. – Na década de 80, um levantamento feito pela médica pesquisadora Ana Quiroga, do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, revela uma inversão nas causas de morte de crianças na Grande Vitória. A má-formação congênita saiu dos últimos lugares da lista para as primeiras posições. Fetos sem cérebro passaram a ser constantes nos partos nos hospitais de referência.)
Sobre a vegetação, mesmo em pequenas doses, o anidrido sulfuroso é prejudicial, reduzindo a capacidade de fotossíntese. A sensibilidade da vegetação aos gases sulfurosos varia segundo as espécies vegetais, algumas são mais sensíveis e outras muito menos. Assim, as verduras são muito sensíveis, enquanto os hibiscus e os pinheiros europeus são mais resistentes. A luminosidade aumenta a lesão causada pelo anidrido sulfuroso sobre a vegetação. Por isso ele é mais prejudicial nas regiões tropicais.
Assim , o fator fitotóxico é importante para ser tomado em consideração no reflorestamento e na implantação de áreas verdes nas cidades. São as plantas, que devem ser utilizadas na arborização das cidades num percentual de 25 metros quadrados por habitante, o melhor contribuinte para subtrair o anidrido sulfuroso emitido pelos veículos. Deve-se considerar ainda a corrosão que derivados do enxofre causam nos edifícios.
Não fui consultado para sugerir outro local para a instalação da área industrial de Vitória, mas na publicação da ADESG fiz toda essa explanação. Isso seria o bastante para ser levado em consideração, pois foi com dados científicos que emiti tais assertivas. E como nos passos iniciais para o estabelecimento de qualquer indústria, principalmente do porte dessa siderúrgica de Tubarão, o primeiro fator a ser considerado é que os efluentes poluidores principais são os atmosféricos, é capital que se conheçam todos os dados meteorológicos, bastando a direção dos ventos dominantes desfavoráveis para eliminar a sua implantação. Por isso, ainda não creio que ela será ali implantada, mesmo que já tenham sido iniciados os trabalhos de infra-estrutura, pois ainda será mais fácil perder o que está feito, uma vez que será em benefício de uma cidade e de sua população.


Os últimos refúgios

AG – O Espírito Santo, notadamente no norte do Estado, está sendo desmatado. Diariamente vêem-se trafegar pela BR-101 dezenas de caminhões que transportam carvão para as usinas. O que o IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) faz para controlar o desmatamento e a queima? A política adotada pelo órgão é a ideal?
R – O Estado do Espírito Santo está sendo totalmente desmatado, só nos restam as áreas destinadas por lei para a preservação da flora e da fauna, ou seja, as Reservas Biológicas pertencentes ao IBDF, em número de três, sendo duas ao longo da BR-101, uma com 30 mil hectares, denominada pelo Marechal Cândido Mariano Rondon de Sooretama, do Platô Terciário, e outra em terreno arenítico, denominada Pinheiro. (N. do A - Esta reserva foi totalmente destruída pelo fogo na década de oitenta. ) A última é representativa da Floresta Atlântica de Encosta, no Arqueano Algonquiano, chama-se Nova Lombada e fica em Santa Teresa. Há também o Parque Nacional de Caparaó, na divisa entre Espírito Santo e Minas Gerais. Nessas matas vivem, com em seus últimos refúgios, mais de 400 espécies, entre vegetais e animais, em vias de extinção. Ou seja, se essas áreas forem desmatadas, o mundo, fruto de nossa civilização, perderá para a eternidade tais espécies. Além dessas áreas do IBDF, o Estado do Espírito Santo possui outras áreas menores de preservação da flora e da fauna, de responsabilidade do Estado, como Pedra Azul, em Domingos Martins; Forno Grande, em Castelo, e Comboios, entre Aracruz e Linhares.
Esta última é a única restinga que possuímos e é onde se pode encontrar, em certa época do ano, em desova, a maior tartaruga-do-casco-mole existente, aquela que é denominada Dermochelys coriacea. Alguns exemplares desta tartaruga chegam a ultrapassar uma tonelada de peso, só desovando nessa região, apesar de já ter sido observada a sua presença em todos os mares. Ela está em vias de extinção, juntamente com outras 14 espécies animais e vegetais importantes. Ainda como reserva de flora e fauna pertencente ao Estado do Espírito Santo, há a área de proteção do manancial de Duas Bocas, que fornece água para a cidade de Vitória, mas existe um projeto de uma estrada que passaria por seu interior. Com isso, ela será danificada totalmente, pois será vítima de predadores humanos em relação à caça, `a tiragem de lenha para carvão, etc.
Todas as áreas acima referidas não somam 60 mil hectares, o que é irrisório, considerando os 4.559.759 hectares que constituem o Estado do Espírito Santo, e o impacto do desmatamento para produzir carvão é tão triste, que o próprio governador do Espírito Santo, logo ao assumir o cargo, tomou providências em relação à receita destinada à administração e fiscalização dessas reservas, elevando-a para atenuar esse vandalismo. Mas grande parte do carvão produzido vem dos restos de madeira industrializada, que no momento são totalmente oriundos da Bahia. O IBDF só tem feito o que lhe é permitido dentro de sua alçada, ou seja, muito a contragosto, ser conivente com esse descalabro, pois, para inibir o abuso da derrubada de capoeirões secundários para o fabrico de carvão, está na dependência de realizar uma fiscalização rigorosa, que demandaria um corpo de guardas de no mínimo de 200 elementos para todo o Estado, em vez dos 20 atuais. Estes guardas têm que fiscalizar também a parte referente à caçada clandestina, pois no Espírito Santo a proibição da caça vigora durante todo o ano.
É claro que a política do IBDF não é a ideal. O Brasil é um dos poucos países do mundo onde o órgão governamental encarregado de emitir permissões para desmatamento e reflorestamento é também o órgão que trata do problema da conservação da Natureza, ou seja, é responsável pela administração e fiscalização dos Parques Nacionais e das Reservas Biológicas.


O inimigo é o eucalipto

“Foram derrubadas florestas virgens, alijados 600 indígenas e um grande número de famílias de posseiros. Este reflorestamento se tornou bárbaro”

AG – De Nova Almeida a Aracruz está se formando um novo tipo de floresta, toda composta por eucalipto. Como esta região vai ficar nos próximos 30 anos?
R – Não é apenas de Nova Almeida a Aracruz, mas sim da Serra a Conceição da Barra, ou seja, nos municípios da Serra, Fundão, Aracruz, Linhares, São Mateus e Conceição da Barra está sendo formada uma floresta homogênea de eucalipto. Já fiz muitos pronunciamentos em relação a esse bárbaro reflorestamento na melhor área agricultável do Espírito Santo, ainda pior quando se sabe que a falta de alimentos no mundo ocasionou, só no ano de 1974, mais de quinze milhões de mortes pela fome. Em recente reunião de preservacionistas em Roma, ouvimos dizer que o mundo não tem sequer uma reserva de cereais para alimentar a humanidade por 26 dias, no caso de uma catástrofe. A partir desses dados, nós, com bom senso, podermos verificar o absurdo que significa plantar eucalipto para atender à demanda de celulose e pasta de papel para exportação. Erro ainda maior quando se sabe que nunca se deve implantar uma só fábrica de celulose do porte da Aracruz, mas, sim, várias fábricas de porte muito mais reduzido, em diversas áreas.
Outro erro gravíssimo é o do plantio de 1% (ou, pior ainda, de 5% de qualquer área de reflorestamento, conforme anunciou o presidente da CVRD na ADESG) com essências regionais. O que está acontecendo é que as essências regionais vêm sendo plantadas em florestas homogêneas de peroba, jacarandá, sucupira, vinhático, etc., num total de mais de 30 espécies, em vez de se fazer o plantio das mesmas em associações, ou seja, em florestas heterogêneas. Estamos numa região de florestas tropicais, e jamais vimos espontaneamente a formação de qualquer essência florestal regional em aglomerados homogêneos, isso é uma lei natural, que a ecologia deve seguir e que é obedecida em todos os países do mundo. Principalmente nas regiões de florestas temperadas, onde a heterogeneidade da floresta é respeitada., tanto no reflorestamento de crescimento espontâneo como no realizado pelo homem. Esse reflorestamento que se está fazendo aqui no Espírito Santo se tornou bárbaro, pois sabe-se que foram derrubadas florestas virgens, de onde foram alijados cerca de 600 indígenas que ali viviam, além de um grande número de famílias de posseiros.
Vamos ver o que disseram dois grandes cientistas, antes que eu conclua como vai ficar essa região nos próximos trinta anos. O primeiro foi o grande silvicultor Armando Navarro Sampaio, que fez o projeto da então Aracruz Florestal e administrou a sua implantação. Assim se expressa ele no trabalho e intitulado “Eucaliptos para o Brasil”, na revista Arquivos do Serviço Florestal, do Ministério da Agricultura, volume 12, de 1957: “Escusado seria dizer que somos os primeiros, como velho silvicultor, a desaconselhar qualquer exploração de mata natural em sítios onde a Natureza sabiamente a colocou para prestar seus reais benefícios, para substituí-la por floresta artificial, qualquer que seja a essência escolhida. Existem, no entanto, as terras fracas, de cerrados baixos e de campos, onde deve, exatamente, situar-se o florestamento econômico. A escolha da espécie a plantar deverá ser sempre precedida de um pequeno ensaio de comportamento de gêneros e espécies de plantas oriundas de situações ecológicas semelhantes”. O outro cientista a quem me refiro é professor, general-médico, diretor da Divisão de Zoologia Médica do Instituto Oswaldo Cruz e membro fundador da Academia Brasileira de Ciências. Assim se pronunciou no “Relatório da Excursão do Instituto Oswaldo Cruz ao Parque de Refúgio Sooretama”, no Estado do Espírito Santo, em outubro de 1963, publicado no Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão nº 23: “Encontramos o município de Linhares extremamente devastado, não só pela intensa extração de madeira como pelas queimadas subsequentes. O trecho entre a lagoa Juparaná e o Parque Sooretama, na antiga estrada de rodagem que percorrêramos em 1948, está quase irreconhecível: onde há 15 anos encontramos extensas matas virgens, existem hoje regiões completamente devastadas pelo homem e pelo fogo. Sem medidas que proíbam e impeçam, de modo efetivo, tal destruição, teremos dentro de pouco tempo um deserto espírito-santense; as famosas matas do vale do rio Doce serão somente recordações históricas.” Dispensável seria acrescentar algo mais do que as opiniões de tais técnicos, sendo entretanto discrepante a atitude do professor Armando Navarro Sampaio, quando realizou justamente o contrário do que pregou, pois para o reflorestamento feito pela Aracruz Florestal foi destruída a mata virgem, em terreno do Platô Terciário, e plantado eucalipto. Com relação à desertificação do Estado do Espírito Santo, ela está em marcha progressiva e acelerada.
Os estudos da evolução climática em função do desmatamento mostram dados alarmantes. Entre os anos de 1938 e 1948, foram instalados e observados 115 pontos meteorológicos, com pluviômetros, em todas as bacias hidrográficas do Estado do Espírito Santo, desde a cabeceira dos rios até a sua foz, conforme publicamos na Fitogeografia do Estado do Espírito Santo, volume I. Os estudos de evaportranspiração pelo método de Thornthwaite estabeleceram o total de 1.200mm de precipitação anual, para o equilíbrio hídrico pluviométrico dessas regiões, e em 1948, 10 anos após concluídos os estudos de prospecção vegetal e ecológica, constatamos que nove localidades, das 115 estudadas, já apresentavam um déficit em relação à água. Com o prosseguimento dos estudos por mais 20 anos consecutivos nas mesmas áreas e localidades, conforme publicamos no Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Série Proteção à Natureza, nº 30, em homenagem ao Sesquicentenário do Museu Nacional, na semana dedicada a Martius, em dezembro de 1968, no trabalho intitulado Mapa Fitogeográfico Atual do Estado do Espírito Santo, no qual estão descritas as mudanças climáticas, para nossa surpresa as observações nas mesmas 115 localidades mostraram que, em vez dessas nove áreas que estavam abaixo do índice necessário em 1948, já subiam a 48 as localidades com tal déficit pluviométrico, ou seja, abaixo de 1.200mm anuais de precipitação.
O quadro do desmatamento é o seguinte:

MATAS ALTAS EM 1948 EM 1968 EM 1975
Restingas 230 km2 20 km2 5 km2
Tabuleiros Terciários 10.500 km2 2.000 km2 600 km2
Encostas (Atlântica) 6.000 km2 2.500 km2 800 km2
Altimontanhas (Atlântica) 260 km2 150 km2 100 km2

TOTAIS
1948 – 16.990 km2 1968 – 3.670 km2 1975 – 1.505 km2

Assim, temos essa demonstração da degradação do patrimônio natural ocorrida no Espírito Santo, por ação do homem, e a evolução climática, em relação à desertificação. Passamos de 16.990 km2 de florestas primitivas, em 1948, para 1.505 km2 em 1975, ou seja, pouco mais de 3% da área total do Estado, sendo de se considerar que somente 428,5 km2 estão constituídos por áreas de preservação, como Reservas Biológicas e Parque Nacional, pertencentes ao governo federal, sob a administração do IBDF. Logo que assumiu o exmo. Sr. General Ernesto Geisel, apelei em nome da Presidência do Conselho Internacional de Proteção aos Pássaros, alegando que, se autorizada a destruição da Reserva Biológica de Sooretama, isto sem dúvida representaria o caos, pois ali vivem mais de trezentas espécies, em vias de extinção, de nossa fauna e flora. Mas o apelo foi feito também, ao mesmo tempo, à Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza e ainda para a Secretaria do Meio Ambiente (Sema). Apesar de receber respostas que me tranqüilizaram e ao Conselho Internacional de Proteção aos Pássaros, novamente a mesma CVRD e a Flonibra insistem em desejar tal área, com o fito de consumarem tal ato de vandalismo, em nome sempre do progresso. Ao consultarem o governador do Espírito Santo, no entanto, felizmente ele soube, com dignidade, discernimento e clareza, manter-se alheio aos interesses privados, renunciando ao seu poder e prestígio e solucionando o problema com imparcialidade e com sentido realista, em benefício da coletividade. Estou certo de que assim agindo o governador Élcio Álvares demonstrou estar agindo em consonância com o II Plano Nacional de Desenvolvimento, apresentado pelo ínclito presidente Geisel.

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