quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cristovam comenta as crianças reféns do abandono. O CLARO: Este é um País fadado(quase) a não ter futuro. Punidos e mal pagos ! quase, de novo...

FONTE: SAITE E BLOGUE DO SENADOR CRISTOVAM BUARQUE

Discurso de quarta-feira (12/11):

Cristovam comenta as crianças reféns do abandono - 12/11/2008


12-Nov-2008
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez, venho aqui motivado por uma matéria dos jornais. Mais uma vez, o jornal a que venho aqui fazer referência é da nossa cidade, Brasília, o Correio Braziliense, que, em um caderno inteiro, tem matéria com o título “Reféns do Abandono”. Essa matéria merece duas referências como comunicação inadiável.

A primeira é para dar nossas felicitações às jornalistas Érica Montenegro e Helena Mader pelo trabalho que fizeram, e também ao jornalista Carlos Alexandre, pela nota que publica, explicando como foi feita essa matéria.

Dessa vez, as jornalistas não se limitaram a denunciar o fato específico de uma violência sexual contra a criança, fizeram muito mais que isso: elas analisaram o que acontece com essas crianças depois, Senador Suplicy; a tragédia que vem depois.

Os reféns do abandono são aqueles que carregam aquela marca sem nenhuma proteção. Essa matéria merece ser lida por todos neste País, especialmente por aqueles que, como nós, somos dirigentes desta Nação, não apenas para que fiquemos tristes, sofrendo, angustiados, mas para que procuremos saídas, como o próprio jornalista Carlos Alexandre fala na sua nota.

E, aí, a comunicação inadiável que faço é porque hoje, de manhã, no Ministério da Justiça, tivemos uma longa reunião, eu e os membros do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), o Conselho que protege os direitos das crianças e dos adolescentes, e essa reunião foi em torno da aprovação de um projeto daqui, do Senado, de minha autoria, que propõe a criação da Agência Nacional para a Proteção da Criança e do Adolescente.

Por que uma agência, além do Conselho que já existe? Sabemos que o Conselho tem feito um trabalho enorme, apesar do pouco apoio que recebe, apesar da falta de fortalecimento da sua estrutura. Mesmo assim, como eu disse hoje, nós estamos perdendo a batalha para salvar a infância brasileira, porque conselho não age; conselho aconselha.

Precisamos de um órgão executivo que se dedique a cuidar das crianças. E eu lembrei a eles que foi preciso criar um ministério que cuidasse dos assuntos raciais; foi preciso criar um ministério que cuidasse dos assuntos das mulheres.

Por que não pode haver um que cuide dos assuntos das crianças? Ficaram calados, mesmo aqueles que são contra a criação desse órgão, na idéia de que a simples existência do Conselho, do Conanda, é suficiente para proteger as crianças.

Nós estamos perdendo a batalha para salvar as crianças brasileiras e transformá-las no potencial fundamental, nos pilares, no motor do progresso e do futuro do Brasil.

Estamos perdendo a batalha!

O mais grave é que estamos perdendo sem enfrentá-la com vigor.

Eu volto a insistir que, para mim, o ponto de partida é termos um Presidente da República que se considere uma espécie de tio das crianças brasileiras, que tenha a percepção de que o futuro está nessas crianças.

Nós sabemos que a indústria automobilística é importante, e por isso, agora, são R$8 bi! Oito bilhões de apoio ao financiamento dos automóveis.

Quando o setor bancário entrou em crise, Presidente, e os automóveis começaram a não ser vendidos, apareceu dinheiro. Apareceu dinheiro! Oito bilhões: quatro e mais quatro.

E das crianças a gente não cuida?

A gente federaliza os bancos quando estão quebrando e não aceita a idéia de que criança é uma questão nacional, não é uma questão municipal?!

Por que, neste País, os alunos das universidades são federais, os alunos das escolas técnicas são federais e as crianças são municipais?

As crianças têm que ser nacionais, têm que ser uma preocupação da Nação.

É uma responsabilidade do Presidente da República e do Governo da República zelar pelas crianças do Brasil.

Por isso, eu vim aqui dizer – e não vou tomar muito do nosso tempo –que, na reunião de hoje, defendi com firmeza a criação dessa Agência Nacional de Proteção da Criança, uma espécie de Ministério da Criança.

Do jeito que tem para os negros, do jeito que tem para as mulheres, por que não para as crianças? E essa Agência, ou esse Ministério, ou essa pessoa, ao lado do Presidente da República, sendo responsabilizado por fatos como esse.

E isso porque a gente não tem a quem responsabilizar no Brasil.

Quando os aviões atrasaram, todos nós sabíamos a quem responsabilizar: ao Presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o nome dele ficou em todos os jornais.

Quando acontecem tragédias com as crianças, não temos a quem responsabilizar.
Está na hora de ter um responsável, um zelador, alguém que seja capaz de tomar as medidas necessárias, de cobrar de cada Ministro, de cada agente público deste País, com a autoridade do Presidente da República, que cuide para que nossas crianças sejam bem tratadas, porque, ao tratá-las, estamos tratando o futuro do País.

Se este País adotasse uma geração de crianças – uma, só uma geração –, o resto todo seria feito por essas crianças, adultas.

Precisamos adotar, como dizia sempre aqui a Senadora Heloísa Helena, uma geração de nossas crianças, e, para adotar, é preciso ter alguém que adote.

Esse alguém tem que ter um poder executivo, tem que ser o chefe de uma Agência Nacional de Proteção da Criança e do Adolescente.

O projeto já foi aprovado no Senado e está indo para a Câmara dos Deputados, e é preciso que, na Câmara, haja uma procura de fazer com que isso vire realidade.

Essa era a comunicação que eu tinha a fazer, Sr. Presidente.

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