segunda-feira, 1 de setembro de 2008

SENADOR CASAGRANDE HOMENAGEIA CORAGEM DE SANDRA ROSADO PSB-RN

FONTE: SITE DO SENADOR RENATO CASAGRANDE
20/05/2008
A CONQUISTA DA CORAGEM
“Não queremos mais ser coadjuvantes”

Escolhida por suas 45 colegas parlamentares, a deputada socialista Sandra Rosado é a nova coordenadora da Bancada Feminina na Câmara. Sandra conversou com o PSB40 Informa durante o lançamento da programação da Semana da Mulher. Ela convoca as
mulheres brasileiras a saírem da sombra.

Deputada, qual é a sua análise sobre a participação histórica da mulher nos movimentos de esquerda?
No contexto histórico, fazendo um resgate da vida política da nação, encontraremos a presença atuante da mulher, que pela sua própria sensibilidade se envolveu nas lutas comunitárias, nas associações de bairro, fomentando um resultado que chegou às conquistas que nós tivemos até hoje. Durante muito tempo tivemos um período em que as mulheres eram ainda mais excluídas: tivemos um período de ditadura em que as pessoas tinham pouca participação e as mulheres foram avançando. Encontramos mulheres que participaram de lutas passadas que avançaram e hoje ocupam espaços de destaque no poder e que servem como espelho para a nova geração.

Na Europa temos as socialistas Ângela Merkel, primeira ministra alemã, e Ségolène Royal, que disputou até o final as eleições presidenciais francesas no ano passado. Na América Latina temos outra socialista, Michelle Bachelet, presidente do Chile e Cristina Kirchner, que venceu com tranqüilidade as eleições argentinas. Existe um modelo que o Brasil deva seguir?
No nosso país, acredito que ainda vamos demorar um pouco para alcançar este patamar, embora tenhamos mulheres de grande valor. Precisamos, além da disputa, que ocorra um grande movimento e que as pessoas acreditem no potencial das mulheres, que os partidos políticos trabalhem na sua base a participação da mulher. Nós temos mulheres que ocupam lugares de destaque, como a ministra Dilma Roussef, como a nossa brava companheira Luiza Erundina, que saiu do nordeste e foi prefeita de São Paulo, temos muitas mulheres que têm capacidade e competência para chegar à presidência da república.

O tema que vai pautar os trabalhos da bancada feminina na Câmara dos Deputados este ano é “As mulheres nos espaços de poder”. É hora de querer mais?
A participação da mulher na política se dá naturalmente, mas, na maioria dos casos, nos espaços distantes do poder, infelizmente. Precisamos avançar nisso. Não podemos ficar apenas como coadjuvantes dessa luta, na base dos partidos, nos movimentos de esquerda, nas comunidades, na área rural e em locais mais distantes. Precisamos que estas mulheres entendam que devem participar cada vez mais dos espaços de poder municipal, estadual e federal.
Sem dúvida, é através dessa construção que conquistaremos espaços que ainda estão distantes. As mulheres brasileiras ainda precisam lutar pelo básico: trabalho, remuneração idêntica à dos homens, direito de cuidar de seus filhos, saúde. Essas conquistas ainda estão na ordem do dia. Mas chegou a hora de voar mais alto, de participar das grandes decisões sobre o futuro do país.

O que falta para que isso ocorra?
Faltam muitas coisas. Uma das mais importantes é o financiamento das candidaturas, das campanhas eleitorais. Sabemos que os partidos políticos – todos – costumam destinar mais recursos para financiar candidaturas masculinas. E a mulher candidata, que tem um histórico recente na participação das campanhas eleitorais, precisa de um grande apoio, de mais recursos econômicos para se fazer conhecer.
Se você analisar um pouco o papel que cabe às mulheres nos partidos Políticos, verá que à elas cabe tarefas muitas vezes desgastantes,como Movimentos sociais e reivindicatórios. Obviamente, este lugar nos honra, mas temos a necessidade de crescer na participação, na disputa política. E quando falo dos espaços de poder, não me refiro somente à participação no âmbito federal, do Congresso Nacional, ministérios ou grandes autarquias. Refiro-me também aos espaços municipais, estaduais, que estão mais próximos da população. Então, aproveito para ressaltar o grande trabalho das vereadoras e deputadas estaduais e incentivar as mulheres a participarem de eleições para ocupar este espaço.

E na questão da violência contra a mulher? Quais são as medidas que a Sra. acredita que devam ser tomadas para reduzir os índices registrados nos últimos anos?
A meu ver, o primeiro de tudo é conseguir um amparo jurídico à estas mulheres maltratadas. Para se ter uma idéia, a Lei Maria da Penha, que aumenta a punição em caso de violência contra a mulher, estabelece que as vítimas tenham o suporte de juizados especiais.
No Brasil, em apenas 17 estados foram instalados juizados especializados para recolher as denúncias e amparar essas mulheres.

O perfi l das vítimas é realmente o de mulheres de classe baixa, como se costuma pensar?
Não. Os dados nos mostram que existem muitas mulheres das classes média e alta que são maltratadas. Muitas vezes não é o maltrato físico, que deixa marcas no corpo, mas sim o maltrato psicológico, que deixa marcas na alma. Então, essa idéia de que somente as mulheres da classe baixa, sem instrução, que vêm de famílias desestruturadas são vítimas de violência e maltrato é um mito.

Percebemos que na ditadura da beleza, imposta pelos meios de comunicação e alimentada pelas grandes empresas de cosméticos, as mulheres são as mais cobradas, as mais afetadas. Qual a sua opinião sobre isso?
Na minha opinião, todos nós que convivemos em sociedade devemos estar apresentáveis. Até porque é uma deferência com o próximo, com as pessoas que convivem conosco. Mas esse cuidado não deve nunca ultrapassar os limites do bom senso. A ditadura da beleza não deve influenciar a capacidade das pessoas, seja mulher ou homem. Essa deturpação do “estar bem” é inaceitável. O ser humano deve perseguir obstinadamente o seu bem-estar, sua felicidade, e isso não tem nada a ver com essa obsessão com a aparência física.

Jornal do PSB – Por: Simone Garcia


A conquista da coragem

Sandra Rosado*

Atravessamos um momento de perplexidade. Os casos de abuso sexual e violência doméstica contra a mulher estouram por todo o país. Não há sombra, nem sequer penumbra de dúvidas de que não se trata do retrato de uma nova realidade. Pelo contrário, uma realidade há séculos oprimida pela nossa cultura patriarcal está sendo descortinada. Nós, mulheres, estamos conquistando a maior de todas as virtudes na luta contra o preconceito: a coragem.

Nas últimas semanas, as bárbaries da violência sexual e doméstica contra a mulher tomaram conta de toda a imprensa. O abominável ser de Luziânia no Estado de Goiás, que, numa verborragia de atrocidades, raptou, ameaçou, acorrentou, espancou, estuprou e matou, é o emblema de uma monstruosidade. O treinador que teria abusado da nadadora Joanna Maranhão é a patética representação de um doente confi ante nesta cultura de covardia e de impunidade.

Os inúmeros casos de violência doméstica que, ainda timidamente, surgem e ecoam em todos os lugares do país, traduzem a coragem feminina de colocar um ponto final na resignação e na submissão paciente.

Um passo crucial para esta conquista foi, inquestionavelmente, o advento da Lei Maria da Penha. Com a fundamental colaboração da Secretaria Especial de Política para Mulheres, o desafio agora é aparelhar os estados com a estrutura necessária para efetiva aplicação da lei, mudando definitivamente a realidade social. A Bancada Feminina, embora com uma representação reduzida (menos de um décimo do Congresso), tem demonstrado uma atuação aguerrida e incessante na luta pelos direitos essencialmente relativos às mulheres.

Somos 46 (quarenta e seis) deputadas e 10 (dez) senadoras, em um universo de 594 (quinhentos e noventa e quatro) parlamentares. Esse ‘fosso’ na representatividade, entretanto, não nos desestimula. Pelo contrário, nos alimenta com uma implacável determinação. Como legisladoras e representantes populares, somos, por obrigação, guardiãs deste movimento que começa a brotar.

Temos como desafio convencer essas mulheres vítimas das mais variadas espécies de violência, que vale a pena ter coragem, que o dia seguinte à denúncia é o alvorescer de uma nova vida e não o começo de um inferno ainda pior. Deve ser imperativo do Estado garantir e deixar claro que esta cultura opressora tem um inimigo maior, que proporcionará abrigo e proteção àquelas que decidiram não se calar. E, para que fique bem claro, não se trata de comiseração estatal. Além da reparação de uma dívida histórica às mulheres, estaremos premiando e incentivando a intrepidez e a bravura.

Todas nós sabemos que não será fácil. Afinal de contas, romper com traços culturais tão irracionalmente arraigados na nossa sociedade, sempre é um processo embaraçado e repleto de resistências.

Quero e posso acreditar, todavia, que estamos vivenciando o nascimento de um movimento determinante para nós mulheres. Estamos bem próximas de uma conquista que é o embrião de todas as outras. A virtude que dará o suporte necessário para acelerar decididamente nossos avanços. Uma conquista que fulmina com o medo de romper com esta cultura covarde e nociva à igualdade entre os sexos. A conquista da coragem.

* Deputada Federal (PSB-RN) Coordenadora da Bancada Feminina na Câmara dos Deputados



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Comentários
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Nome: Fernando Claro
E-mail: fernandoclaro.dias@gmail.com
Data: 3/6/2008 13:40:25


Vitória, 03 de junho de 2008. EStimada Deputada Sandra Rosado, Tudo bem? Você não é apenas mais uma que vem aumentar o número de mulheres na vida pública do país e do mundo. Seu histórico mostra-nos, que veio para fazer a diferença, junto com nossa Janete Capiberibe, para quem tenho profunda admiração e respeito, também. Seja bem vinda neste espaço e traga mais mulheres capacitadas para oxigenar e elevar o debate sobre as questões que mais afligem o Povo Brasileiro. Ninguém, mulher ou homem, nasceu vocacionado ou marcado para ser coadjuvante. Seja freqüente neste "SITE" e deixe-nos seu endereço eletrônico e/ou sua página na Internet. Saudações fraternais, com socialismo e liberdade, Fernando Claro PSB VITÓRIA ES

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