Por uma força-tarefa
Marcelo Itagiba*
A população e as autoridades não estão anestesiadas. Os efeitos da violência estão latentes em todos nós. A dor de cada um é sentida por todos. Não podemos perder a capacidade nos indignar. É preciso agir já.
A violência praticada pelas diversas facções do crime organizado no Estado do Rio de Janeiro vem aumentando consideravelmente, atingindo patamares insuportáveis. Ela avilta a população, ataca os poderes constituídos e desafia o Estado.
São grupos, bandos e quadrilhas agindo como verdadeiras milícias. Atacam a tudo e a todos. Mandam e desmandam, utilizando-se de poder das armas para infligirem o terror nas localidades onde vivem e exercem o seu poder.
Na esteira de suas atuações, esses grupos praticam assassinatos, traficam drogas e contrabandeiam armas. Transformam partes da cidade em zonas de exclusão, onde a entrada e a presença do Estado só se realizam plenamente com o confronto armado.
São ações criminosas especiais, dissociadas da criminalidade comum existente em qualquer grande cidade e, portanto, devem ser combatidas, também, de forma especial.
Recentemente a ação integrada entre as polícias Federal, Civil e Militar, denominada Camisa Preta, levou à prisão pessoas ligadas ao comando de algumas dessas organizações criminosas.
Foi um início, mas não é o suficiente. Muito mais precisa ser feito, deve ser feito e pode ser feito.
A forma de se enfrentar com sucesso esse tipo de criminalidade, colocando-a no seu devido lugar, só se efetivará através da constituição imediata de uma força-tarefa, com missão delimitada e específica, composta por todos aqueles que fazem parte do aparato de segurança do Estado.
Respaldada legalmente por inquérito policial regularmente instaurado, a força-tarefa seria constituída por servidores indicados pela Polícia Federal, pela Polícia Civil, pela Polícia Militar e pelas Forças Armadas, para, em conjunto, de forma coordenada, apurarem na esfera de suas atribuições os crimes praticados por essas quadrilhas.
Com os esforços das autoridades responsáveis pela segurança pública, concentrando e integrando em um mesmo ambiente de trabalho homens preparados e equipamentos adequados, se forjaria um corpo capaz de atuar de forma apropriada, coletando dados, processando inteligência e, por via de conseqüência, praticando ações objetivas e pontuais, tão necessárias ao desmantelamento das organizações criminosas.
Somente com um trabalho profissional, sistemático e contínuo, engajado co os anseios da sociedade civil, será possível atacar as lideranças criminosas e seus seguidores, numa luta árdua e inteligente, sem trégua e sem quartel, até que seja restabelecida a paz no Estado do Rio de Janeiro.
*Marcelo Itagiba é deputado federal (PSDB-RJ) e o artigo foi publicado no Jornal do Brasil, em 16 de maio de 2002, quando o parlamentar ocupava o cargo de superintendente da Polícia Federal no Rio.
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