sexta-feira, 3 de outubro de 2008

USA: "QUANDO A CRISE CHEGAR, SE CHEGAR", por ZÉ DIRCEU - Comentários do O CLARO

FONTE: WWW.ZEDIRCEU.COM.BR - UM ESPAÇO PARA A DISCUSSÃO DO BRASIL

26/09/2008 08:08

Quando a crise chegar, se chegar. Por Zé Dirceu

(artigo publicado no Jornal do Brasil, em 25 de setembro de 2008)

O que importa saber é quais os efeitos, no Brasil, da crise norte-americana, que já atingiu a Europa e o Japão. É preciso destacar que, apesar da gravidade da crise em nível internacional, o comércio e o crescimento mundiais não dependem só dos países do G-7. A China terá enorme influência no desenvolvimento da economia, assim como os preços das commodities e, particularmente, o comportamento dos juros, ou seja, se vão ser mantidos no nível dos 6% atuais ou cair, o que se espera, para o patamar anterior de 2% ou 3%.

Ao contrário do cenário da crise de 1929, quando se adotaram medidas de contração da economia que levaram ao desemprego e à grande depressão, hoje os governos estão implementando providências para garantir o funcionamento do mercado e salvar o sistema financeiro. A crise atual é filha das crises que já anunciavam o inevitável: a 2ª feira negra de 1997, a quebra do Hedge Fund LTCM e a crise asiática de 1997-99, que, inclusive, arrastou o Brasil. Naquela época, não se adotou nenhuma medida para controlar as novas formas de alavancagem financeira e de especulação e nada foi feito para avaliar os efeitos e conseqüências do papel dos bancos de investimentos e hedges funds. A verdade é que os Estados Unidos viveram 25 anos de crédito farto e livre especulação, sem regulação e fiscalização, como se o mercado bastasse a si mesmo.

O resultado está aí, e suas conseqüências são devastadoras para o cidadão norte-americano e para a economia mundial. De uma coisa temos certeza: acabou-se a chamada exuberância do sistema financeiro americano e ele passará por uma grande reestruturação. Como já está sendo provado pelo caso dos bancos de investimento, Goldman Sachs e Morgan Stanley, eles não têm futuro sem uma associação com bancos comerciais, da mesma forma que o sistema não sobreviverá sem novas formas de regulação.

É importante que a definição do novo modelo de regulação do sistema financeiro seja debatida em fóruns internacionais, que não se limitem aos países do G-7, clube do qual não participam nem os países emergentes como os Brics. Além de discutir a regulação e a fiscalização do sistema financeiro, a comunidade internacional precisa retomar as negociações de Doha para pôr fim ao protecionismo e impulsionar o comércio internacional e o crescimento da economia. Nesse sentido, a posição da Alemanha – e da União Européia – é alentadora. Recusam-se a seguir a receita norte-americana de socorro ao sistema financeiro e querem medidas para reorganizar o sistema financeiro internacional e debater o crescimento.

Nossa situação não pode ser comparada à da economia norte-americana, pois é segura: reduzimos a dívida externa e a “desdolarizamos”; temos reservas quatro vezes maiores que nossa dívida pública externa líqüida; a inflação está dentro da meta (mais a banda); o superávit está levando à queda da relação dívida interna/PIB; o sistema bancário e financeiro está sólido; o nível de crédito abaixo da média mundial; e nossa economia interna, aquecida, apoiada no aumento dos investimentos, da renda e do emprego.

Assim, nosso crescimento nos próximos anos depende mais de nossa política monetária e fiscal do que do comércio e crescimento mundiais, mesmo que uma desaceleração internacional possa nos afetar indiretamente. Temos um mercado interno em expansão e uma oportunidade única de expandir nosso comércio externo na América do Sul e na Ásia. Não há razão para não aumentarmos os investimentos e o crédito, para superar todos os pontos de estrangulamento da infra-estrutura e que impedem expansão maior da produção, de insumos a máquinas e equipamentos. O futuro depende de nós mesmos. E para construí-lo em direção ao crescimento do país com distribuição mais equitativa da renda e ampliação do mercado interno de consumo, precisamos vencer medos e superar erros, entre eles, a estúpida política monetária de juros altos, que o BC insiste em manter quando tudo indica que está na direção errada, e a apreciação do Real, com suas nefastas conseqüências nas nossas contas externas.

Copyright © 1995, 2000, Jornal do Brasil. É proibida a reprodução
total ou parcial do conteúdo para fins comerciais

COMENTÁRIOS:

30/09/2008 10:30
[Fernando Claro]

EStimado Zé Dirceu,tudo bem?

Sou um entusiasta e militante do Brasil e do Povo Brasileiro.

Pelo que sei ou penso que sei nada há que impeça que a crise do Império não chegue até nós. Estamos neste contexto globalizado.

Creio também que o presente e o futuro dependem de nós, porém não como se estivéssemos a tomar uma atitude pro ativa em nossas vidas particulares.Sabemos que por mais particular que seja, ela não é tão dirigível assim e nem tão particular como parece.

Em verdade há outros nefandos comandos que nos travam as pernas."

Nenhum comentário:

Postagem em destaque

Portal da SBO - Sociedade Brasileira de Oftalmologia Dia Nacional de Combate ao Glaucoma é 25 de maio | O CLARO: Vá periodicamente ao oftalmologista. O glaucoma pode levar à cegueira!

.: Portal da SBO - Sociedade Brasileira de Oftalmologia :. Façam um blogueiro feliz...rsrs Caso queiram DOAR qualquer VALOR para a MANUTE...