segunda-feira, 20 de outubro de 2008

SISTEMA FINANCEIRO GLOBAL, por Senador Cristovam Buarque

FONTE: www.cristovam.org.br

O GLOBO
Calotas e finanças
Artigo publicado no jornal O Globo, no dia 11/10/2008

Cristovam Buarque*


Temos assistido, nestes dias, ao derretimento simultâneo das calotas polares e do sistema financeiro global. A causa dos dois derretimentos é a mesma. A culpa de ambos é de políticos sem visão nem liderança e de banqueiros irresponsáveis, e também de um sistema que empurra o processo econômico para a sua própria falência.

Os bancos são culpados por causa da leviandade com que manejaram depósitos e empréstimos, com base em moeda podre; os governantes, porque deixaram que isso chegasse até a falência.

Por trás da ciranda financeira estão o setor produtivo e o consumidor, um querendo vender mais, outro gastar mais. A voracidade de consumo e produção empurra o sistema bancário para o crédito fácil, sem bases sólidas. Buscando lucros excessivos, os bancos criam moeda sem sustentação e fazem empréstimos de risco; querendo mostrar taxa de crescimento, os governantes incentivam essa irresponsabilidade. Apesar dessas causas, as saídas propostas continuam concentradas no sistema financeiro: injeções de dinheiro público, como forma de evitar a quebra dos bancos. Nenhuma proposta que reoriente o rumo ou o funcionamento da economia.

A mesma lógica absurda prevalece no tratamento do problema ecológico. Assim como o sistema financeiro, as geleiras também estão derretendo. Mas não enfrentamos as causas do problema: a voracidade da produção e do consumo.

Entretanto, os derretimentos podem ser um alerta para juntar os problemas financeiro e ecológico, e redefinir os propósitos e prioridades para uma economia saudável, sustentável, sem riscos financeiros nem ecológicos. Isso exige mudar tanto o tipo de produtos que definem riqueza quanto o perfil da sua distribuição entre classes e gerações.

Foi graças à crise de 1929 que o Brasil reorientou seu modelo exportador-agrícola, criando uma nova economia industrial. Em 1945, o país preferiu gastar seus recursos na importação de bens de consumo. Na crise do petróleo de 1973, que coincidiu com o início da revolução na informática, o Brasil investiu na alternativa do etanol, mas não mudou sua matriz de transportes, baseada nos veículos rodoviários, nem de industrialização, baseada no automóvel; e em vez de investir na educação e na ciência da computação, preferiu a reserva de mercado para produzir computadores ineficientes, com tecnologia e componentes importados.
Clique aqui para ler a íntegra do artigo do senador Cristovam Buarque.


* Professor da Universidade de Brasília, Senador pelo PDT/DF.

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