quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Alimentação versus qualidade de vida, por Dr. Luiz Schettino - Folha Vitória On-Line

FONTE: WWW.JORNAL FOLHA VITÓRIA ON-LINE

22/10/2008 às 16h22

Alimentação versus qualidade de vida

Há pouco tempo atrás, algumas inovações tecnológicas pareciam distantes, tais como: ter a maioria dos alimentos quase prontos em nossas geladeiras e, com mais vitamina disso e mais fibra daquilo...; monitoramento da poluição do ar e dos desmatamentos e queimadas, por equipamentos ultra modernos; eletrodomésticos inteligentes e de baixo consumo de energia; telefones celulares que fazem quase tudo, internet de altíssima velocidade, e por aí vai...

Na alimentação, a realidade mudou rápido e radicalmente, a maioria das pessoas compravam os produtos básicos ou nas feiras, do produtor rural tradicional, ou em armazéns e mercados, próximos do meio rural, em um tempo nem tão distante; em virtude do que podiam ter uma certeza maior daquilo que estavam ingerindo: o arroz era arroz; o frango era frango; o feijão era feijão; e assim por diante.

Hoje, na maioria das vezes, comemos produtos bonitos e de fácil preparo, como a agitada vida moderna exige, tais como: arroz e feijão pré-cozidos, frango em várias modalidades semi-prontos, lasanhas, quibes, pizzas, verduras e outros congelados, que dependem apenas de alguns minutos no “microondas” para serem servidos.

É importante salientar que, por detrás dessa revolução na apresentação, na forma e disponibilidade dos alimentos, houve também uma grande revolução nos processos de produção, conservação, armazenamento e transporte desses alimentos. Esses avanços ocorreram devido às inovações tecnológicas, de modo especial no setor de produção de alimentos as quais, em alguns casos, trouxeram também conseqüências, ora para o meio ambiente, ora para as pessoas diretamente envolvidas nos processos produtivos, ora para os consumidores finais dos alimentos.

Há tempos atrás, o mundo se sobressaltou com a doença da “Vaca–Louca”, cuja razão principal parece ter sido o fato de que criadores europeus quiseram passar vacas e bois, animais que se alimentam com capim e outros vegetais, a se tornarem comedores de carcaças de carneiros, para crescerem e engordarem mais rapidamente, ou seja, transformaram animais herbívoros em carnívoros e, com isso, surgiu a terrível doença, que levou várias vidas e trouxe prejuízos a muitos produtores e à economia de vários países.

Houve, também, em passado recente, contaminação da ração utilizada para produzir frangos na Bélgica e com isso muitos alimentos foram contaminados por dioxinas, substâncias que podem provocar várias e importantes doenças. Ocorreu isso quando se buscou criar os referidos animais por custo e tempo de produção menores, principalmente.

Agora se houve falar que o modo de vida e alguns tipos de alimentos que contém hormônios, como: ovos e carnes, em especial as de frango, podem estar influenciando a puberdade precoce, o que emite sinal claro de que deve haver atenção permanente com os alimentos e em todas as suas etapas: produção, industrialização, conservação, armazenamento e transporte, visto que um descuido qualquer pode vir a afetar a saúde das pessoas e, consequentemente, a qualidade de vida, em situações em que não se poderia imaginar há pouco tempo atrás.

Dessa forma agrotóxicos, antibióticos e hormônios utilizados na produção agropecuária, assim como os plantios transgênicos, devem ter um rigoroso monitoramento, pois, muitas vezes, alguns efeitos de sua ingestão são sentidos somente muito tempo depois de ingeridos e seus efeitos podem ser cumulativos ao longo do tempo, tanto nas pessoas, quanto sobre os ecossistemas.

As inovações tecnológicas são bem vindas e necessárias. E é muito importante que sejam desenvolvidas e utilizadas, porém, de forma segura; e, que seus possíveis efeitos colaterais sejam minimizados por pesquisas, afim de que, tanto quem produz, quanto quem consome os alimentos tenha segurança sobre os produtos com que estão trabalhando e/ou ingerindo, assim como se possa ter a certeza de que o meio ambiente estará protegido.

Por isso, é necessário mais discussões pela sociedade sobre essas questões, assim como serem reforçadas as ações de orientação (para prevenir as pessoas sobre os excessos de aditivos, corantes, conservantes, hormônios, agrotóxicos e por aí vai, que diariamente ingerem e quase sempre sem saber), fiscalização e controle, não só sanitários mas principalmente do modo como a produção de alimentos ocorre e o que pode se esconder por detrás de um produto bonito e de elevada produtividade: mais saúde e qualidade de vida, ou mais lucros e impactos ambientais?

Toda atenção deve ser dada à nossa comida do dia-a-dia, visto que a mesma não pode deixar de cumprir sua principal função, que vem a ser, dar vida, saúde e qualidade de vida a toda a população.

Publicado por Luiz Fernando Schettino 2 Comentários

Comentários

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06:41h - 24/10/2008
Luiz Fernando Loureiro Fernandes

Concordo. Todas estas adições nos alimentos (corantes, conservantes, acidulantes, aromatizantes, flavorizantes, espessantes, etc.) estão sendo utilizados em demazia e de maneira pouco controlada. A realidade mudou muito desde o tempo da feira e mercadinho.

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02:07h - 28/10/2008

Fernando Claro Dias

Vitória do Espírito Santo, amém, 28 de outubro de 2008.

Caro Dr. Schettino,

Tudo bem?

O estimado tem razão. Devemos ficar atentos como a qualidade de nossa alimentação.
Porém, para nós consumidores, o elo mais fraco, fica terrivelmente difícil controlar e fiscalizar.
Principalmente quando as péssimas práticas começam na produção. O Uso abusivo de fertilizantes e agrotóxicos no Espírito Santo é assombroso. Caso sério. Não seria caso de polícia?
Às vezes me perguntam, e eu também, se não sou muito rígido com este tema. Tenho certeza que não!
Em termos de Política Criminal e Legislativa, o fato é que criminoso é criminoso e neste particular, que é a alimentação, dever-se-ia tratar como crime hediondo, inafiançável. Um crime contra a economia, a periclitação da vida e da saúde pública, e se condenado o acusado, não ter progressão de regime.
Progressão quem tem que ter é o trabalhador. Progressão geométrica de salário, de qualidade de vida, de saúde, de ótimos serviços públicos e todos os direitos sociais. tudo na prática. Está na CF e na CLT, cumpra-se, na forma da lei!
Prezado, a coisa é tão grave, que tenho bem guardado - não é segredo - uma garrafa, de vidro, com tampinha vermelha, de 1 litro do refrigerante coca-cola com um pedaço de cortiça ou algo parecido dentro do vasilhame lacrado. Pergunto, com seriedade, ao conceituado especialista: como pode uma empresa de primeira linha, com rigor na assepsia, e que não trabalha com rolha de cortiça na linha de produção, ter deixado passar esta anomalia? Pelo menos é o que garante o Portal desta conceituada Empresa.
Como fazer contato sério com esta empresa se ela não te responde por endereço eletrônico? Apenas telefônico?
Só há uma saída. É postular em sede própria!
Será que o líquido é letal?
Como fica a vigilância sanitária nisso tudo? E demais órgãos fiscalizadores e disciplinadores? Como foi parar lá dentro este corpo estranho?
Schettino, sua função social é muito relevante e cabe ao estimado, como estudioso e graduado, ser vanguarda nesta cruzada contra o que há de desleal ou de perigoso neste setor crucial que é o da alimentação.
Colaborar nesta coluna é muito bom e precisamos que nosso orientador tome uma iniciativa pró ativa em favor dos consumidores.
Saudações,
Fernando, OCLARO.blogspot.com/

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