DO BLOG DO SENADOR PEDRO SIMON
Congresso Nacional perdeu credibilidade, diz Simon
Agencia Estado 28/03/2008
Milton F. Da Rocha Filho
SÃO PAULO - O senador Pedro Simon (PMDB-RS) declarou hoje, em sessão do Senado, que o Congresso Nacional perdeu credibilidade com o excesso de medidas provisórias (MPs), "que impedem o Legislativo de legislar", com as comissões parlamentares de inquérito (CPIs) "que não investigam" e com a sucessão de escândalos de corrupção. "Estamos no rodapé das pesquisas de opinião", afirmou o senador, destacando que isso demonstra "a desilusão política do povo", segundo informação da Agência Senado.
Para Simon, as medidas provisórias "usurpam, há muito tempo, o direito de legislar dos parlamentares", permitindo ao governo federal substituir o Congresso na produção de leis. O senador afirmou ainda que essas medidas deveriam ser devolvidas ao Executivo, quando não cumprirem as exigências constitucionais de relevância e urgência, para que não tranquem a pauta do Legislativo. Quanto às CPIs, o senador disse que as comissões acabaram se tornando "um cartório emissor de certidões de idoneidade".
Leia o discurso do sena Senador Pedro Simon:
Discurso: “Congresso perdeu sua história – Parte II”
Senado – Tribuna
Brasília, 28/03/2008
Senhor Presidente,
Senhoras Senadoras e Senhores Senadores:
"Houve um tempo em que o verdadeiro homem público, aquele que dedicava a sua própria vida pela causa do seu povo se conhecia pela lapela. Um pequeno bóton o identificava como alguém que abraçou a política como sacerdócio, a serviço da maioria, principalmente a mais desvalida, a mais miserável, aquela para a qual ainda pouco resta além de um fiapo de vida. Um sacerdócio que é caminho, verdade e vida. O melhor caminho, a mais pura verdade e a vida na sua mais plena dignidade. Foi um tempo em que político e sacerdote se diferenciavam, quase que somente, na lapela e na batina. Mesmo assim, ainda que diferentes na estampa, o bóton do político e o crucifixo do pastor identificavam causas comuns.
Hoje, o bóton se distanciou do crucifixo. É que o crucifixo manteve-se no mesmo caminho, na mesma verdade, na mesma vida. O bóton tomou outros rumos, construiu as suas próprias verdades e já não se fundamenta, como antes, na plenitude da vida.
O bóton do político deixou de ser um motivo de ostentação. Muitas vezes, de respeito. Li, em diversas oportunidades, que parlamentares escondem esta identificação, nos lugares de maior movimentação do povo. Triste ironia. O representante do povo esconder-se do povo. Tornar-se povo, para não ser reconhecido como legítimo representante deste mesmo povo. Um, na multidão, para que a multidão não o veja como um.
Afinal, um o quê? Qual a impressão que tem a população brasileira sobre os seus representantes políticos, nos dias atuais? Será que a população brasileira ainda nos vê, hoje, à sua imagem e semelhança, na medida em que somos os seus legítimos representantes?
É evidente que não. É que chegamos a uma situação, infelizmente, em que parte significativa da população escolhe seus representantes no parlamento como mera obrigação legal, e não por convicção política. Votam e se esquecem, quase que de imediato, em quem votaram. Votam e vêem tomar posse não aqueles escolhidos pela maioria, mas os que se beneficiaram pelos subterfúgios das coligações ou das suplências.
Pior ainda: votam e vêem eleitos não aqueles melhores credenciados para a sua representação política, e sim produtos de marketing político. Percebem que, quem ganha a eleição, na verdade, é o marqueteiro, que “vende”o candidato como se ele fosse um produto qualquer, como um sabonete, um sabão em pó, ou uma pasta de dente. Quem sabe, na concepção do eleitor, produtos que lhe são de melhor utilidade.
É esse o quadro que se pode pintar da política brasileira hoje, infelizmente e erroneamente de forma generalizada, quando se observa que as pesquisas de opinião nos colocam no rodapé da legitimidade e da confiabilidade.
Eu fico imaginando o sentimento de um engenheiro civil que vê sua obra ruir. De um médico que vê seu paciente morrer. De um ator que vê sua platéia completamente vazia. Pois este é, ou deveria ser, também, o sentimento do político que vê sua atuação rejeitada pelos eleitores. Pois o político, mais que ninguém, deveria sentir-se como o mesmo engenheiro que vê sua obra fluir, do médico que vê seu paciente respirar a vida e o ator que vê sua platéia lotada, aplaudindo-o, de pé.
Pois a platéia política anda vazia, nos nossos dias, principalmente a do palco do Congresso Nacional. No público, em cada cem cadeiras, noventa e nove estão vazias. Apenas um, em cada cem brasileiros, nos aplaude. É essa a avaliação do Congresso Nacional, hoje: 1%, ou menos que isso, de aprovação! A obra ruiu, o paciente morreu e o ator sente vergonha de abrir as cortinas. Esconde o bóton, não por falta de público; pior ainda: por medo dele.
Que culpa coletiva temos nós, desta falta de legitimidade e de confiabilidade do Congresso nacional? Ou, quem sabe, dos políticos, de uma forma geral?
Para responder a esta pergunta, basta que se faça um “corte” na situação atual do Congresso Nacional, em particular do Senado Federal, tal e qual se congelássemos a cena, para analisá-la. Ou, talvez melhor para a análise, as últimas cenas da nossa história política parlamentar.
Por quanto tempo, neste tempo, a nossa pauta ficou sobrestada, paralisada, por medidas provisórias? Por quanto tempo, deste tempo, nós ficamos hipnotizados, enquanto questões de interesse dos eleitores brasileiros foram impedidas de serem discutidas, votadas e colocadas em prática, em nome de relevâncias e urgências duvidosas? Por quanto tempo, deste tempo, nós abdicamos do direito legítimo de legislar, em nome de quem não foi eleito para fazer leis? Que não foi escolhido para se auto-investigar?
As medidas provisórias usurpam, há muito tempo, o nosso direito, ou o nosso dever, de legislar. Feriu de morte o debate político. A obrigatoriedade da relevância e da urgência foi substituída pela conveniência. A população vê um Congresso acocorado, sob ordens, legalizando, sem legitimar, propostas de gabinete, geradas por mentes pretensamente iluminadas, sob a invocação de um aval político que não lhes foi dado, porque quem de direito abre mão, numa espécie de timidez política suspeita, porque alimentada pela oferta de cargos, pela liberação de emendas e, quem sabe, por outras razões menos confessáveis.
A população já não vê mais, há muito tempo, pela janela da TV Senado, seus representantes no Senado Federal discutindo e votando propostas legislativas de seu interesse. Ao mesmo tempo, ela vê, pela janela de suas casas, ou de todas as outras TVs, a bala perdida, a fila dolorida e a lágrima desiludida.
Vê a criança arrastada pelas ruas, ante o desespero impotente da mãe. Vê o pai debruçado sobre o corpo inerte do filho, ante os olhares pasmos da população. Vê doenças sociais que voltam, quando se pensava que elas tivessem ido, para sempre, ante o descaso, que não foi, nem voltou: ficou. Vê a dengue e a sensação dupla de impotência: a causada pelo torpor da doença e a produzida pela inércia da política.
A população é alvejada, também, por sucessivos escândalos praticados por seus representantes políticos, práticas condenáveis que lhes soam tal e qual uma verdadeira traição à confiança depositada nas urnas. Quantas foram essas falcatruas, nestes últimos tempos? Que se pare a fita, apenas, nos últimos três, ou quatro, anos! Sanguessugas, ambulâncias, mensalão. Isso, sem contar o efeito contaminador de outros desvios, em outros poderes, em operações cujos nomes quase minaram a criatividade dos agentes da Polícia Federal, por serem tantos.
Isso, sem contar que, por meses a fio, o Congresso Nacional, como se a tal cena parecesse congelada, permaneceu paralisado no assunto único da situação de seu próprio presidente. Por fim, e para nos piorar, a ética ficou escondida numa votação secreta. Uma não, duas! Que poderiam ser três, ou quatro! Motivos não faltavam para outras tantas! Para a população, uma novela tétrica e repetitiva, que começou como romance, desenvolveu-se como comédia e terminou como drama. E que, na verdade, estava longe de uma ficção, por se tratar, de fato, de um documentário da vida privada, com fortes, e perversas, repercussões na vida pública.
A população percebe uma completa inversão de valores e de atitudes. Em outros tempos, via nas comissões parlamentares de inquérito uma oportunidade histórica de purgação de pecados na Administração Pública. Agora, ela assiste à remissão destes mesmos pecados, sem confissão, nem purgatório. As CPIs se tornaram, no pior de todas as situações, um cartório emissor de atestados de idoneidade. Porque pior do que não investigar é certificar a inocência, sem investigação. Como se fossem crimes perfeitos. A população vê que as CPIs não são instaladas para investigar, mas para escamotear possíveis crimes, a priori.
É uma pena, porque, naqueles mesmos outros tempos, foi durante as comissões parlamentares de inquérito que o Congresso viveu os seus melhores momentos. Foram tempos em que as investigações não se iluminavam pelos holofotes, mas pela luz dos fatos. Isto é, não havia necessidade de holofotes, para que os fatos fossem expostos à luz. Tais fatos fluíam da vontade política dos parlamentares investigadores. Hoje, como nos casos das medidas provisórias que nos usurpam o direito de legislar, as ordens, nas CPIs, emanam de fora para dentro, o que se pode e o que não se pode investigar, o tamanho do tapete e a quantidade de sujeira que se deve esconder sobre ele. Estão aí as CPIs, que patinam na falta de vontade política de investigar e se atolam nas orientações de fora para dentro, para que não se chegue a resultados que fujam do empate, de preferência sem gols.
Estabeleceu-se, nas CPIs, assim como em quaisquer outras atividades legislativas, uma espécie de clássico político, algo parecido com um Grenal, um Fla-Flu, ou qualquer outra disputa que envolva, apenas, dois lados: a favor, ou contra, o governo, não importa se a questão em discussão é favorável, ou não, à população. Pior, nas investigações, tudo indica que os resultados passaram a ser definidos antes da campainha inicial, como se todos os clássicos tivessem que terminar empatados, em sonolentos zero a zero.
Na falta de um debate mais aprofundado das principais questões nacionais, a população também vê uma espécie de barbúrdia regimental na condução dos trabalhos do Congresso Nacional, sem que se atribuam maiores culpas a seus dirigentes maiores. Questões de ordem que nada têm de ordem, monopólio da palavra para os principais líderes partidários, comunicações inadiáveis que são, perfeitamente, adiáveis. Sessões que beiram o pugilato. Gritos, que não se sabe se são mais, ou menos, perniciosos que os sussurros. Temas irrelevantes que são tratados como questões de alto interesse nacional, e assim por diante.
Toda essa situação, observada em tempo real pela população, tende a criar uma espécie de “caldo de cultura” contra a atuação do Congresso Nacional. Se esta situação permanecer, de nada adiantará, um dia, a nossa volta aos trilhos da normalidade regimental e política, porque a população já terá colocado em nossas lapelas uma outra marca, como que a identificar peças de descarte. Fortalecerá, então, uma discussão, já incipiente em algumas rodas de conversa, de que o Congresso é, unicamente, oneroso e desnecessário, como se ele não fosse, o que é, o pilar mais importante da nossa democracia. Para o Senado Federal, há uma agravante nesta discussão: é que, conversa vai, conversa vem, volta à tona a discussão do Congresso unicameral. Ou, em outras palavras, a extinção do Senado. Ainda mais, quando os últimos acontecimentos, que envolveram o Presidente desta Casa, arrastaram, com veemência, esta instituição no que a população convencionou chamar de “mar de lama”.
Essa situação de fuga do equilíbrio já foi teorizada por alguém, que a chamou de “causação circular cumulativa”. Numa tradução simples, é como se houvesse uma queda em um precipício. Não há volta e, sabe-se, lá embaixo, o baque resulta nas piores seqüelas. Há um risco, portanto, para a própria democracia, o parlamento permanecer, por muito mais tempo, fora das graças da população. Haverá, aí, um precipício político.
É preciso, portanto, retomar o equilíbrio, que se configura na harmonia, mas, também e principalmente, na independência entre os poderes. Enquanto houver esse vácuo na atividade legislativa, é evidente que outras instâncias de poder e de pressão ocuparão o espaço político que se esvaziou. As medidas provisórias são o exemplo mais que perfeito desta ocupação de espaços vazios. É o Executivo legislando, no lugar do Legislativo. Da mesma forma, o país assistiu a outras intromissões no debate de questões que são de atribuição do Congresso, como no caso da fidelidade partidária, que parece ter transferido para o judiciário o plenário legislativo do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Algo assim como “já que eles não fazem, fazemos nós”.
Este é o pior dos mundos para o Congresso Nacional. Porque o tal caldo de cultura transfere para o Congresso todas as culpas. De todos os poderes, principalmente do Executivo. Pela inércia e pela má conduta. É o custo pelo fato do Congresso Nacional se constituir na casa mais democrática para o trabalho da imprensa. Aqui, quase sempre, não há, nem mesmo, necessidade de agendamentos. A relação entre parlamentares e jornalistas é mais direta. Acontece que a concorrência entre os parlamentares é muito mais acirrada do que entre os integrantes de outros poderes, principalmente quando são comuns as bases eleitorais. Daí, muitas vezes, o incentivo à denúncia, mesmo que pouco fundamentadas, ou vazias. Não importa, qualquer informação a mais se soma ao conjunto, já bastante deteriorado na visão da opinião pública.
É por isso que a imprensa tem, também, um papel importante no necessário resgate do papel do Congresso Nacional na construção da nossa democracia. É preciso fugir da armadilha da audiência, da cultura de que somente o que dá Ibope é o desvio de conduta e não a boa notícia. Volto a repetir as posições de dois dos maiores autores da dramaturgia televisiva do País: Silvio de Abreu e Aguinaldo Silva. São observações bastante parecidas. Sintetizo-as nas palavras do segundo, autor da atual novela “Duas Caras”: “nós, que trabalhamos em televisão, sabemos: bons sentimentos não dão audiência”. Eu não acredito. Acho que a boa notícia tem, também, multiplicadores positivos.
Mas, a imprensa vai repercutir a boa notícia, obviamente, quando elas tomarem o trilho da freqüência. O Congresso, no dito popular, está “dando pano para manga” para a propagação, apenas, da má informação. Pouco legisla e nada fiscaliza. Pior: no caso do papel constitucional de fiscalizar os atos do Executivo, tem feito, exatamente, o contrário. Tem se colocado, invariavelmente, contra qualquer investigação sobre possíveis desvios de conduta de integrantes daquele poder.
É evidente que a melhor solução é trabalhar, imediatamente, naquelas questões que nos dilapidam a legitimidade popular. Não podemos continuar no rodapé da confiança da população. Para isto, não é necessário que se crie qualquer outro instrumento legal. Basta que se cumpra, devidamente, os que já existem. Portanto, o primeiro passo é o respeito aos devidos papéis constitucionais.
Se há uma constatação, evidente, de que as medidas provisórias, aquelas mesmas que estão sobrestando os nossos trabalhos, não se fundamentam pelos princípios de relevância e urgência, é necessário que elas sejam, imediata e devidamente, devolvidas. Não nego a legalidade das medidas provisórias em si. O que eu estou pondo em xeque é o uso indevido, portanto ilegal, deste instrumento.
Que sejam resgatados os instrumentos legais que caíram em descrédito, pelo mau uso. Ou, pelo uso contrário. É o caso das CPIs. Vale lembrar que o Congresso de outrora obteve o seu melhor reconhecimento quando das comissões parlamentares de inquérito que, realmente, cumpriam o seu papel. Foram os casos, por exemplo, das chamadas CPIs “do Impeachment” e “dos Anões do Orçamento”, entre outras poucas.
As CPIs têm que voltar a serem iluminadas pela luz dos fatos, e não de holofotes, sob os quais se busca, apenas, alguns segundos de celebridade. Não podem se submeter a intromissões externas indevidas, quando o Congresso, de fato, abre mão do seu papel constitucional. As Comissões de Investigação não podem continuar, sob pena de ainda maior descrédito, se é que isso é possível, a se constituir em instrumento de não-investigação, de distribuição indevida de atestados de idoneidade e, conseqüentemente, de cumplicidade nos atos que caracterizam desvios de conduta na Administração Pública. Este procedimento pode ser a verdadeira pá-de-cal na credibilidade do Parlamento. A imprensa mostra o fato, com todos os seus contornos. Ele é real. O Parlamento nega a sua existência ao vivo, pela TV Senado. Assim, não há credibilidade que se sustente!
É preciso que o Senado Federal estabeleça um ritual de procedimentos regimentais e de agenda mais transparente e pro-ativo. Depois de votar todos os vetos presidenciais e as medidas provisórias realmente relevantes e urgentes, que ainda abarrotam as nossas gavetas, há que se estabelecer agendas com pautas de votação por períodos determinados. Na semana, no mês, no tempo que se permita o acompanhamento da imprensa e, conseqüentemente, da população. Se esta pauta não for cumprida, que se discuta, e divulgue, as razões. Assim, a população, que nos elegeu para representá-la, terá condições de avaliar o Parlamento pelo nosso trabalho e pelo produto que ele gera, e não pela falta dele.
A Consultoria Legislativa do Senado, que reúne cérebros dos mais iluminados deste país, deve se antecipar no aprofundamento de temas que, certamente, constarão na pauta de discussões deste plenário. Deve municiar os Senadores sobre todas as correntes de pensamento a respeito destes mesmos temas e as experiências comparadas de outros países.
Este procedimento, também pro-ativo, deverá contribuir, em muito, com o nível dos debates, neste mesmo plenário. Os grandes temas nacionais têm, necessariamente, que voltar à pauta das nossas discussões. Enquanto isto não acontecer, o debate permanecerá envolvendo, não raras vezes, questões menores, de interesse eminentemente local e de grupos específicos. O Senado, pela importância de seu papel constitucional, não pode se constituir em uma Câmara de Vereadores de luxo, por maior respeito que as assembléias municipais devam merecer. Não cabe, aqui, manifestações meramente panfletárias. Até mesmo no conteúdo do debate, o Senado exige um certo nível de liturgia.
Eu temo a permanência da instituição pilar da democracia no rodapé da credibilidade da população. Temo, sobretudo, a desilusão política de um povo. Principalmente as gerações que hão de vir. Não foi para que se chegasse a esta situação de descrédito nas instituições democráticas que lutamos, e tantos perderam a própria vida, exatamente para resgatar o estado de direito. Na luta pela anistia. Na campanha pelas Diretas-já. No impeachment, por vias constitucionais, de um presidente da República. Na ocupação das ruas pelos caras-pintadas, olhos iluminados e iluminantes, holofotes, aí sim legítimos, a nos mostrar os melhores caminhos.
Continuo temendo, também, o desestímulo crescente da população em respeitar as leis, quando ela deixa de acreditar nas suas instituições democráticas, o que gera um enfraquecimento das regras sociais. É este o cenário fértil para o chamado estado paralelo, longe da legalidade, responsável direto pelas nossas maiores mazelas, nos dias atuais: o narcotráfico, a milícia, a segurança paralela, o mercado negro, a pirataria, a sonegação. É que, alimentado pela baixa legitimidade das instituições, o crime se multiplica.
Esta desilusão política campeia, e nós não podemos permanecer inertes a todos sinais, por enquanto amarelos, que nos são transmitidos, diretamente, aqui e nas ruas, dando conta de que é preciso mudar. O Parlamento não pode, também, ser o receptáculo de todos os enganos e desenganos, das ilusões perdidas e das desilusões descobertas, que também campeiam nos outros poderes.
Basta que o Parlamento cumpra o seu verdadeiro papel. Que chame para si as responsabilidades constitucionais que lhes são próprias. E as ponha em prática. Não podemos permanecer sob tutelas, nem mesmo se os pseudo-tutores se arvorem da propaganda dos melhores propósitos. Cada passo em falso do Parlamento pode significar um perigo de queda para a democracia. Para o vazio do precipício político.
Muito Obrigado."
às 07:50
1 comentários:
Fernando Claro Dias disse...
Vitória, 23 de abril de 2008
Honrado Senador Pedro Simon,
Tudo bem?
Ouso fazer um comentário sob o título de seu discurso indignado, "Congresso Nacional perdeu credibilidade".
Ouso discordar do Senador e não assino o recibo de ser um PÉSSIMO CIDADÃO!
Certamente o Senador não faria o mesmo discurso, hoje.
Quando a emoção nos domina, nossas mentes ficam obnubiladas e caímos nesta armadilha da lamentação e projetamos no próximo o nosso fracasso.
Em psicanálise isso é Projeção.
Assim fazendo o Senador cresce mais em nosso conceito, mostrando como faz Suplicy, Cristovam, Renato Casagrande, Paim, Jefferson Péres, Tião Viana, Rita Camata, Ministro Temporão, Lula, Tarso Genro, magno Malta, Gerson Camata, Rodrigo Rollemberg, Marina Silva, Ciro Gomes, Cid Gomes, Chico Alencar, Heloísa Helena, Aldo Rebelo e tantos outros boas gentes!
O Senador, com seu discurso emocional, levanta a bola para que chutemos, e nos remetamos à razão, ao busílis da questão.
O Importante é não perder o foco, e saber quem são os REAIS INIMIGOS do BRASIL e do POVO BRASILEIRO !
Por isso, ouso discordar nestes termos, também emocionado, porque por mais que eu seja brutalmente maltratado, O IMPORTANTE É QUE NOSSA EMOÇÃO SOBREVIVA, como nos ensina, através de música, Paulo Cesar Pinheiro.
a) Quem tem feito e faz as Leis no País por determinação constitucional?
O mestre Osny Duarte Pereira tem um ótimo livro sobre o tema, escrito lá pela década de 40, revelando a subserviência de nossos alguns podres políticos ao capital estrangeiro. Se formos olhar para trás, encontraremos, também, no Império.
b) Se o Legislativo é um PODER, como bem o define a Constituição Federal porque não valer-se dele?
c) A Constituição Federal fará 20 anos e até hoje os Senhores Parlamentares, Deputados e Senadores, não enquadraram as Televisões como previsto no artigo 220, artigo 3º para que prestem um Serviço Público de Qualidade conforme DETERMINA O artigo 221 da CF. O que faltou, Senhor Senador?
d) Esperar desta mídia conteúdos de qualidade, como é de seu dever, por ser uma Serviço Público Concedido, Autorizado e/ou Permitido a PARTICULARES, cujos interesses são, muitas vezes, até antinacionais, antipatrióticos e mercenários, é acreditar em Papai Noel, com todo o respeito. Vossa Excelência pode até “acreditar”, no Natal, com seus familiares, como muitos outros brasileiros fazemos anualmente.
e) Aliás, o que fizeram e fazem os Partidos Políticos, os Ministérios Públicos, os Ministros da Justiça, os Presidentes da República, o Poder Executivo e o Poder Judiciário, o Procurador Geral da Justiça e todos que TÊM O DEVER DE ZELAR PELA CONSTITUIÇÃO CIDADÃ, pela qual lutei, não fugi, nem me exilei, aqui ficando a fugir da repressão, dos cães pastores alemães, das bombas de gás, da tortura, Senador, onde muitos morreram ou ficaram traumatizados ou cometeram suicídios.
A OAB, Senador Pedro Simon, à qual fazemos parte e devemos obediência, teve seus gabinetes explodidos a bombas; perdemos vários colegas, irmãos que ostentavam suas carteiras vermelhas e bradavam por LIBERDADES DEMOCRÁTICAS E O FIM DA DITADURA MILITAR REPLETA DE CIVIS E DE MILITARES CONTRA O PRÓPRIO REGIME; vários juristas da envergadura de Heleno Claudio Fragoso, Ministro Aguiar Dias, Carlos Haroldo Porto Carreiro de Miranda e outros não menos importantes?
f) Senador Pedro Simon, o CONGRESSO NACIONAL NÃO PODE SE COLOCAR COMO VÍTIMA NESTE E DESTE PROCESSO DE DEGRADAÇÃO. ELE É AUTOR E NÃO COADJUVANTE!
O Senador junto com outros pares probos e combativos HÃO DE TER QUE CRIAR UMA SAÍDA CONSTITUCIONAL.
CRIAR UMA FRENTE PARLAMENTAR PARA DIZER QUE O LEGISLATIVO É UM PODER E DEVE TER SUA AUTONOMIA PRESERVADA.
Estou farto de FRENTE PARALAMENTAR !
Fico honrado e de alma lavada em tê-lo como interlocutor neste espaço democrático.
Não esmoreça robusto Senador Pedro Simon!
Nós, os excluídos precisamos de pessoas como você!
Saúde, Paz, Coragem e Êxito.
Fraternalmente,
Fernando Claro Dias
23 de Abril de 2008 07:53
Escritos indignados e propositivos de Fernando Claro. Contra direita golpista e contra as mídias que desinformam e mentem. Pela Soberania do Brasil. Pela Supremacia da Constituição Federal. Pela tolerância, compreensão e respeito para com as diversidades. Em defesa dos Direitos Humanos. A hora é essa! Vamos nessa?
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